TODOS NÓS TEMOS UM POUCO DO CORINGA
Ricardo Barros Sayeg
Assisti há alguns anos atrás o filme Coringa que foi reapresentado faz alguns dias na Globo. Creio que todos sabem a história: no filme, Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos e, toda semana, precisa comparecer a uma agente social, devido aos seus problemas mentais (ele não consegue conter a risada mesmo em situações adversas e tem sérios problemas com sua mãe). Após ser demitido, depois de ter deixado cair uma arma que havia ganho de um colega de trabalho em uma apresentação para crianças em tratamento, dentro de um hospital, Fleck reage mal à gozação de três homens em pleno metrô e os mata. Os assassinatos iniciam um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne (Brett Cullen) é seu maior representante.
Todos nós temos um dia de looser e, vez em quando, nos insubordinamos, tal como o Coringa. Evidentemente, não estou dizendo que saímos matando as pessoas por aí. Mas algumas vezes nos inquietamos por sermos tidos como palhaços pelo governo, pelas elites, por pessoas que se acham superiores a nós e tal como o Coringa rimos de nossa própria condição, quando na verdade estamos com uma enorme ira do mundo e de todos. Alguns guardam esse sentimento para si mesmos, se remoem por dentro e acabam desenvolvendo as mais diversas doenças.
O ódio da sociedade criou a arqui-inimigo do Batman e, muitos de nós acabamos nos identificando mais com o Coringa do que com o Batman.
O Coringa vive num mundo distópico, que não é muito diferente do nosso. Por isso, quem sabe, o filme fez enorme sucesso. Muitos se enxergaram no Coringa que não é exatamente um vilão. É sim, fruto da sociedade que o produziu.
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