CHACRINHA E OS CARETAS
Ricardo Barros Sayeg
Estava revendo nesta madrugada, na Globo Play, o filme "Chacrinha: O Eterno Guerreiro", película brasileira de 2018, e fiquei bastante tocado com a vida do emblemático apresentador.
José Abelardo Barbosa de Medeiros nasceu em Surubim, no agreste de Pernambuco. Ainda na infância mudou-se com a família para Caruaru e depois, aos 10 anos de idade, para Campina Grande na Paraíba. Aos 15, foi estudar, em regime de internato, no Colégio Marista do Recife. Começou a cursar medicina em 1936 e em 1937 teve o seu primeiro contato com o rádio na Rádio Clube de Pernambuco.
Depois de uma viagem de navio ao Rio onde atuou como baterista em uma banda que tocava a bordo, resolveu tentar a vida na então capital do país.
Fez um primeiro teste para uma rádio no Rio, mas não foi aprovado. Foi então convidado para uma outra emissora em Niterói que ficava dentro de uma pequena chácara, daí o nome Chacrinha. Seus programas começavam às onze da noite, mas apesar do horário avançado, faziam enorme sucesso.
Quando foi para a TV Tupi, dos Diários Associados, criou seu jeito irreverente com suas fantasias audaciosas. Se vestia de baiana do acarajé, de bebezinho, de bailarina e até de papa.
Foi para a Globo e saiu de lá em função da apresentação de uma mãe de santo que iria fazer um ritual em seu programa. Boni, o então chefão da emissora, o proibiu de apresentá-la e o censurou ao vivo!
Chacrinha ficou furioso e pediu demissão!
Foi então para um novo período na Tupi, na época já uma emissora em plena decadência, na Bandeirantes e, finalmente, retornou à Globo.
Se estivesse vivendo no Brasil encaretado e politicamente correto de hoje em dia teria muitas dificuldades em levar seu trabalho inovador e irreverente a diante.
Muitas cópias do seu trabalho foram feitas, mas nenhuma com a originalidade de seu caos televisivo. Afinal é dele a máxima: "em televisão nada se cria, tudo se copia".
Chacrinha e seu personagem irreverente teria lugar no Brasil encaretado de hoje?

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