ORIXÁS E A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRASIL

ORIXÁS E A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRASIL

Ricardo Barros Sayeg

A obra Orixás, de Djanira da Motta e Silva, produzida em 1969, ocupava lugar de honra no Salão Nobre do Palácio do Planalto até o início do governo de Jair Bolsonaro, em 2019. Depois foi retirada e colocada num depósito. Foi encontrada danificada pela atual gestão. Isso diz muito a respeito do clima de intolerância religiosa que se instalou no país desde então.

O  Salão Nobre, maior espaço do Palácio do Planalto, é usado para eventos de grande porte, como posses de ministros e recepções a chefes de Estado. Também chamado de Salão dos Espelhos, quase não tem mobília em toda a sua extensão.

No final de 2018, Michele Bolsonaro, que é evangélica, mandou retirar todas as obras com imagens cristãs católicas e de outras crenças do Palácio, num claro desrespeito às outras formas de crença e religião existentes no país.

Não foi a primeira vez que isso aconteceu. Durante o governo do general Ernesto Geisel (1974-1979), que era luterano, houve uma tentativa de enviar a obra ao MASP, mas que nunca se concretizou.

A própria Djanira não era seguidora das religiões de matriz africana. Pelo contrário, profundamente cristã, Djanira era tão religiosa que ingressou na ordem das carmelitas, a Ordem Terceira do Carmo, no Rio de Janeiro.

Figura importante do modernismo brasileiro, ela foi, além de pintora, desenhista, cartazista e gravadora.

Djanira, segundo seus biógrafos foi sepultada vestindo um hábito, em 1979.

De acordo com o censo de 2010, apenas 0,03% da população brasileira se dizem seguidoras da umbanda e do candomblé, mesmo assim, essas religiões são bastante perseguidas no Brasil na atualidade.

O retorno dessa importante obra do Modernismo brasileiro mostra que o Brasil está voltando a ter atitudes democráticas na Cultura e em outras áreas.

Orixás: volta ao respeito a outras religiões no Brasil pós-Bolsonaro





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