BOLSONARISTAS

BOLSONARISTAS

Não posso considerar os bolsonaristas que agiram como vândalos ou terroristas no último dia 8 de janeiro em Brasília como "gado" ou seres autômatos, sem vontade própria, que seguiam cegamente as ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Todos sabiam o que estavam fazendo exatamente quando destruíram vidros dos palácios, depredaram obras de arte e móveis históricos daqueles locais.

Freud já tinha observado que a hipnose não funcionava com seus pacientes. Quando hipnotizava uma "histérica" com um braço paralisado, por exemplo, depois da hipnose, o outro braço ficava sem movimento. Algumas mulheres que alegavam estar cegas, recuperavam a visão depois da hipnose, mas depois de dois dias ou mais voltavam a ficar cegas.

Mas o que fez um movimento como o bolsonarismo se desenvolver tanto no Brasil? Bolsonaro não tinha a capacidade de hipnotizar ninguém.

Primeiro a identificação com o líder e com seus valores. Bolsonaro se apresentava constantemente como um homem do povo: comia pão francês com leite condensado; consumia um franguinho na praia com farofa e fazia sujeira, em suma, era um sujeito do povão. Defendia pautas armamentistas, homofóbicas, misóginas. Soltava, hora ou outra, um palavrão. Quem não?

O segundo fator é que o povo delegava a ele sua segurança, sua própria existência e se colocavam como sujeitos que obedeciam sem questionar as ordens do chefe. Davam as desculpas mais esfarrapadas e justificavam as atitudes mais insanas de Bolsonaro.

O principal fator, entretanto, é o medo. O medo do outro, do diferente. Enquanto os membros do grupo compartilham ideias comuns, os outros são os inimigos. Assim, negros, não evangélicos, população LGBTQIa+, entre outros eram considerados gente do mal.

Evidentemente essa é uma análise bastante superficial do bolsonarismo. Existem outros fatores que colaboraram para a tempestade perfeita que levou o ex-capitão ao poder.

E o bolsonarismo não acabou. É bom que se lembre!

Esse é apenas o início de uma reflexão que pode levar anos para chegar a uma conclusão, ou quem sabe, não chegar a conclusão alguma.


Bolsonaristas invadem o Palácio do Planalto, no último dia 8 de janeiro




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