O REI DO GADO
Ricardo Barros Sayeg
Quando cheguei em casa hoje liguei o aparelho de TV e estava passando na Globo a reapresentação da telenovela O Rei do Gado. Ela foi exibida originalmente entre 17 de junho de 1996 e 14 de fevereiro de 1997 e escrita por Benedito Rui Barbosa.
O enredo é o seguinte: os Mezenga e os Berdinazzi são vizinhos e, por causa de uma cerca no limite de suas propriedades, vivem uma guerra sem fim, mesmo assim nem o ódio impediu o romance entre Enrico e Giovanna. As duas famílias proíbem o amor entre os dois, mas, apesar disso, os pombinhos se casam e mesmo depois de unidos não conseguem viver esse amor, por isso fogem.
O filho de Enrico e Giovanna, Bruno Mezenga, cresce e se transforma num dos maiores criadores de gado do país, conhecido como o "Rei do Gado". Ele sabe do ódio que separou as famílias de seus pais, e nunca conheceu os parentes de sua mãe. Só sabe que o outro tio, Geremias Berdinazzi, tornou-se um rico fazendeiro. Mas o velho Geremias é um homem solitário que não reconhece os Mezenga como membros de sua família, e cujo único sonho é encontrar Marieta e deixar para ela toda sua fortuna.
Bruno Mezenga, por sua vez, vive um casamento fracassado com Léia, uma esposa infiel que o trai com Ralf, um bonitão mal caráter.
Mas as vidas de Bruno Mezenga e Geremias Berdinazzi mudam completamente com a chegada de duas mulheres. Marieta, que julga ser a sobrinha desaparecida de Geremias; e Luana, uma sem-terra de passado incerto, por quem Bruno se apaixona.
Chega de spoiler!
Em 1996, Fernando Henrique Cardoso governava o país. O tema da reforma agrária estava posto na realidade brasileira.
O Movimento Sem Terra havia surgido nos anos 1980 e questionava o latifúndio, bem como os mega projetos, dos quais as barragens são bons exemplos e a mecanização do campo que ajudava a eliminar as pequenas e médias propriedades rurais e aumentar a concentração fundiária nas mãos de poucos.
Aos olhos de hoje seria praticamente impossível a paixão entre um grande proprietário rural e uma sem terras.
No Brasil de Bolsonaro, essa visão romantizada da realidade deu lugar à violência no campo, ao aumento do armamento nas mãos dos proprietários rurais e na tentativa de exterminar movimentos populares como o MST.
A reforma agrária que é a condição "sine qua non" para o desenvolvimento do país não está na agenda da atual gestão e o Brasil retrocedeu e muito na questão social e política.
Quem sabe nosso futuro será diferente...
Cenas de um Brasil que se perdeu na história
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