ARGENTINA, 1985
Ricardo Barros Sayeg
Acabei de assistir ao excelente Argentina, 1985, produção de 2022, dirigido por Santiago Mitre, na Amazon Prime.
O filme conta a história do julgamento de alguns oficiais militares que comandaram o país durante a última ditadura que governou aquela nação sul-americana entre 1976 e 1983.
O julgamento ocorreu apenas dois anos depois do último governo da ditadura na justiça civil.
Na Argentina, tratava-se de julgar crimes que iam desde homicídio e tortura até privação ilegítima de liberdade. Organizações de direitos humanos estimam que 30 mil pessoas desapareceram durante aqueles anos.
O julgamento não ocorreu num momento propício: a Casa Rosada, sede do governo argentino, retornava ao poder civil há apenas dois anos.
Naquela época nem sequer os seis juízes que presidiam o julgamento sabiam se iriam terminar seus trabalhos.
Moreno Ocampo, promotor adjunto do caso, lembra que o julgamento fez parte de um processo que havia começado nas eleições de 1983, quando a questão dos "desaparecidos", as vítimas da ditadura cujos corpos não apareciam, se tornou parte da campanha eleitoral que levou Raúl Alfonsín à presidência.
A imprensa cobriu o julgamento com bastante espaço, pois foi um acontecimento fundamental para a sociedade argentina.
Os depoimentos das vítimas foram importantíssimos para que houvesse o apoio da opinião pública.
Ricardo Darín interpreta o principal promotor do caso, Júlio César Strassera, que contava com um grupo muito peculiar de promotores auxiliares, na casa dos vinte e trinta anos na época.
Em 9 de dezembro de 1985, os juízes leram a sentença de 709 casos apresentados durante o julgamento. Videla e Massera foram condenados à prisão perpétua; Orlando Agosti foi condenado a quatro anos e seis meses de prisão; Roberto Viola, a 17 anos; e Armando Lambruschini, a oito anos; Omar Graffigna, Fortunato Galtieri, Jorge Anaya e Basilio Lami Dozo foram absolvidos.
Depois de alguns anos outros casos surgiram e foram devidamente julgados.
No Brasil não houve nada desse tipo o que ajuda a entender, em parte, a emergência da ultra-direita no país nos últimos anos e a interferência cada vez maior dos militares no governo e no mundo político, o que não é nada bom para a Democracia.
Cena de Argentina 1985, excelente filme sobre o julgamento civil dos militares argentinos que comandaram a ditadura militar no país (1976-1983)
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