O CHEIRO DOS POBRES
Ricardo Barros Sayeg
Estava assistindo ao ótimo filme sul coreano Os Parasitas. Já havia assistido a ótima película há uns dois anos atrás e muitas coisas me chamaram atenção naquela obra.
A desigualdade social na Coréia do Sul é, sem dúvida, a questão principal do filme. Ela aparece nas desigualdades das moradias dos pobres, que habitam a cidade baixa, sempre sujeita a inundações. Nas vestimentas e no modo de vida de ricos e pobres.
Entretanto, o que mais me chamou atenção naquela película, foi o cheiro. Por volta do meio do filme o menininho da família rica se aproxima do motorista e fala com sinceridade: eles têm todos o mesmo cheiro!
Para quem não conhece a história uma família pobre vai se infiltrando na mansão de uma família rica aos poucos, como parasitas, e o menininho se referia à governanta e à sua professora, todos da mesma família.
Noutro momento, quando os pobres estão se escondendo embaixo do sofá e o casal rico é obrigado a dormir em cima, o dono da casa afirma que sente um cheiro estranho: o cheiro do motorista. Um cheiro de rabanete estragado!
No final do filme a constatação do dono da casa se afirma e gera um final imprevisível.
No Brasil da atualidade os ricos têm a mesma ojeriza dos pobres. É como se sentissem seu cheiro e não gostassem do seu olfato.
Daí quem sabe a ascensão do fascismo no país e o medo que os pobres voltem a ter atenção com um eventual governo popular.
Num país com um passado escravista como o nosso o nojo aos pobres é uma característica geral. E isso se dá na fala daqueles que ocupam provisoriamente o governo do país: o negro mais magro do quilombo tinha tantas arrobas. O nordeste do país só volta em Lula porque são analfabetos. Até pouco tempo atrás até as empregadas domésticas poderiam ir a Disney, os aeroportos parecem rodoviárias e por aí vai.
Parece que o pais não quer acertar as contas com seu passado. O cheiro dos pobres, para alguns, ainda incomoda.
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