O ÚLTIMO ÍNDIO

O ÚLTIMO ÍNDIO

Ricardo Barros Sayeg 

O último índio Tanaru, ou índio do buraco, morreu no mês de agosto deste ano. Ele havia perdido seus companheiros em 1995, após o ataque de mineradores na reserva Tanaru.

Ele foi encontrado sobre uma rede dentro de uma cabana coberto por penas de aves, como se estivesse preparando com antecedência seu ritual mortuário. Não havia vestígios de violência, segundo o representante da FUNAI que encontrou o corpo.

Ele viveu quase três décadas em total isolamento, depois de assistir o assassinato de seus conterrâneos.

Ele era conhecido como índio do buraco devido seu hábito de cavar buracos profundos nas cabanas que habitava. Quem sabe uma espécie de ritual.

Segundo a Survival, ONG que atua na região, a Terra Indígena Tanaru, no estado de Rondônia, na fronteira com a Bolívia, é como uma ilha de selva no meio de um mar de grandes fazendas de gado, numa das regiões mais perigosas do Brasil, principalmente devido à mineração ilegal e à desflorestação.

Com a morte desse último índio o genocídio do seu povo está completo.

Segundo a FUNAI existem cerca de 114 povos indígenas que vivem isolados no território brasileiro.

No Brasil existem hoje, de acordo com as estimativas, cerca de 800 mil indígenas.

A política da FUNAI para com esses povos está agindo no sentido de contribuir com seu extermínio gradativamente ou assimilá-los à cultura dos ditos civilizados.

Essa não será a última das culturas a desaparecer, o último indígena a ser aniquilado. Com certeza haverão muitos mais. 

Quando um povo desaparece sobre a face da terra é toda uma cultura que também é eliminada. É como se uma biblioteca riquíssima se perdesse e nunca mais pudesse ser encontrada!


Índio Tanaru ou Índio do Buraco. Com sua morte toda uma cultura desaparece.



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