O BRASIL PROFUNDO E O NARCISO FEIO
Ricardo Barros Sayeg
Esqueçam o Brasil do carnaval, do samba, da bossa nova. O Brasil da hospitalidade e da paz. Aquele país que recebia de braços abertos pessoas de toda parte do mundo, onde gente de diferentes credos viviam em convivência pacífica. Esse país já não existe mais! E as eleições de ontem mostraram bem o retrato desse novo país.que já estava emergindo desde 2013, mas que agora tomou seus verdadeiros contornos.
A eleição de Bolsonaro, em 2018, nos permitiu ver bem o surgimento dessa nova nação, marcada pelas diferenças, pela não aceitação dos contrários, do pensamento divergente e da violência, seja ela explícita ou aquela dita nos discursos de ódio constantemente proferidos pelo chefe da nação e seus seguidores.
Quem sabe não tínhamos nos dado conta que sempre fomos assim. Mas nos escondíamos sob o manto da bondade, da beleza e da hospitalidade.
Bolsonaro e o povo que o elegeu nos permitiu confrontarmos nossa verdadeira face, um narciso feio que se olha no espelho d'água e não gosta do que vê.
Me sinto como se estivesse sentado num barril de pólvora e o isqueiro estivesse logo ali.
Ontem foram eleitas pessoas sem compromisso com o meio ambiente, com a educação, com a cultura, que não pensam na grandeza e no desenvolvimento do país. Que não se preocupam com a imagem do país, nem com nosso relacionamento com outras nações.
Que sejamos párias! Já dizia um ex-chanceler do atual governo.
A saída para o Brasil que passava alguns anos atrás pela construção de um projeto de desenvolvimento nacional está dando lugar a um país que não se preocupa com seu povo, nem com as futuras gerações, nem com o mundo.
Pobre Brasil! Pobre de nós!
Narciso, do pintor italiano Michelangelo Da Caravaggio (1571-1610)
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