1984
Quando comecei minha carreira como professor na Escola Estadual Maria José, no bairro do Bixiga, em São Paulo, fui até o diretor da escola e na cara dura pedi para dar aulas. Me foram atribuídas algumas aulas de História (curso em que estava matriculado), outras de Geografia e quatro de Psicologia. Naquela época era comum a falta de professores e também que alunos universitários dessem aulas em especial nas escolas públicas.
História e Geografia eram disciplinas que eu dominava, afinal havia sido escolhido no ano anterior como melhor aluno do terceiro ano do ensino médio. Mas Psicologia era um desafio. De comum acordo com os alunos passamos a ler juntos o livro de George Orwell, 1984, que ao meu ver juntaria psicologias das massas ao conhecimento das Ciências Humanas.
O livro analisa uma sociedade distópica, comandada pelo Grande Irmão. Nela, todos são vigiados e tudo que é dito passa por uma profunda censura por parte do Estado. Nele, o trabalho de Winston, protagonista da história é o de reescrever artigos de jornais do passado, de modo que o registro histórico sempre apóie a ideologia do partido. Grande parte dos documentos também é destruído, daí pensar que o partido jamais está mentindo ou inventando uma nova realidade. Winston é um trabalhador inteligente e habilidoso, mas odeia secretamente o partido e sonha com uma rebelião contra o Grande Irmão.
A análise do livro foi uma escolha certeira, pois muito contribuiu para entender a psicologia de massas e como as sociedades podem ser manipuladas.
Meus alunos, que haviam sido meus companheiros de segundo ano no ano anterior disseram que valeu a pena ter lido 1984!
Hoje esse livro, apesar de ser uma ficção pode explicar muito do que estamos vivendo.
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