COMO VOCÊ SABE? VOCÊ NÃO VIVEU NAQUELES TEMPOS...

COMO VOCÊ SABE? VOCÊ NÃO VIVEU NAQUELES TEMPOS...

Quando comecei a dar aulas de História na Escola Estadual Maria José, no bairro do Bixiga, em São Paulo, essa era uma das perguntas que mais ouvia dos meus alunos do ensino fundamental. 

E eu respondia: 

Não precisei viver naquele tempo para saber o que lhes ensino. Recorro às fontes, leio nos livros, aprendo com meus professores.

Alguns alunos compreendam, outros ainda insistiam: e como você sabe que é verdade aquilo que você aprendeu? E eu defendia com unhas e dentes o saber histórico, a metodologia da História. É bem verdade que eles não faziam aquelas perguntas aos professores mais velhos que nem deixavam os alunos questionarem seus saberes e práticas. Eu estava na casa dos vinte anos e estava começando minha carreira.

Mas quando vinham essas perguntas eu parava a aula, dava um breque nos conteúdos estudados e voltava para aulas que elucidassem a metodologia da História. Explicava a eles que a História se baseava em fontes que poderiam ser primárias, secundárias ou terciárias. Que quanto mais próxima do período estudado, mais fidedignas eram elas. Que o historiador não podia se limitar a apenas uma fonte, mas a várias delas, para fazer uma comparação e se chegar o mais perto possível da verdade.

Aí eu explicava o que era historiografia que é o estudo das maneiras de interpretar as fontes históricas e os modos como a história é escrita (a investigação histórica e a história da história). 

Na maioria das vezes era bem sucedido. Mas creio que a pergunta inicial está na cabeça dos adultos até os dias atuais.

Por isso devemos deixar sempre claro aos estudantes o método da História, como ela funciona.

Como disse Cícero, orador e político da antiga Roma:

"A história é testemunha do passado, luz da verdade, vida da memória, mestra da vida, anunciadora dos tempos antigos."



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