O VALOR DO CORPO

O VALOR DO CORPO

Quando morremos nossos familiares lutam para sermos enterrados com dignidade ou cremados. Tenho um parente que até hoje não jogou as cinzas dos pais e dorme com elas, depositadas dentro do seu armário de roupas. Alguns doam em vida seus corpos à pesquisa científica, outros ainda têm seus corpos doados sem escolha: são moradores de rua que falecem sem ser identificados.

Entretanto, me espantou muito na última semana um estilista que se utiliza de partes do corpo humano para fazer suas roupas e acessórios. O nome dele é Arnold Putra. Ele ficou bastante conhecido depois de colocar à venda por cinco mil dólares uma bolsa feminina feita com língua de jacaré e uma espinha dorsal de uma criança. O estilista disse que a espinha da criança foi obtida de "forma ética". Putra participa de diversos eventos da moda mundial e seu Instagram possui mais de 65 mil seguidores.

Um professor de Anatomia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) é suspeito de traficar órgãos para o estilista, entre eles estão uma mão humana e duas placentas. 

Triste, né! A que ponto chegamos? O tal estilista banaliza o corpo humano a fim de transformar-lhe numa bolsa? E quem usaria essa bolsa? Teria a coragem de dizer que é feita com pedaços de corpos humanos? E a consciência desse estilista e de seus clientes? Será que ficariam confortáveis ao saberem da dor e do sofrimento que passaram as famílias das pessoas utilizadas para fazer suas bolsas, roupas e outros acessórios sem seu consentimento? 


Bolsa feita com a espinha dorsal de uma criança, de Arnold Putra



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