BRASILEIRO POLIANA

BRASILEIRO POLIANA

Nesses dias assisti um programa matinal da TV Globo. Nele a apresentadora, Fátima Bernardes, entrevistava algumas pessoas da sua plateia e parou para conversar com uma delas. A moça era bastante simpática, estava vestida com roupas bem coloridas, unhas bem pintadas, cabelo tingido de roxo e cantou até uma musiquinha para divulgar seu trabalho de estética. O lado alegre da conversa parou por aí. Disse em seguida que morava no Morro do Alemão, que tinha perdido a casa numa enchente, que dois dos seus irmãos e a mãe haviam morrido no ano passado. Que estava morando de favor. Que vendia o almoço para ter o que comer no jantar e por aí vai. Um festival de desgraças. E assim é com a maioria do povo brasileiro. Não sei se temos complexo coletivo de Polianas, ao ver sempre o mundo cor de rosa.

Isso é bom por um lado, mas péssimo por outro. Aceitamos todo tipo de enganação de empresários gananciosos, de políticos inescrupulosos, de todo tipo de corja que insiste em nos liderar e ficamos alegres com isso. Sem expressar raiva ou ressentimento. Quando chegam as eleições, apesar de sabermos dos desvios e da corrupção de muitos políticos, votamos nos mesmos caras. 

Falta um pouco de indignação ao povo brasileiro. Estamos vendo direitos trabalhistas indo para o ralo, nosso meio ambiente sendo devastado, nossa educação, cultura, indústrias, indo ladeira abaixo e sempre nos adaptamos a novas situações. O povo nunca se revolta. Nunca dá um basta!

O brasileiro precisa se dar conta de sua realidade. Sair às ruas e colocar a boca no trombone. Encher as caixas de e-mails de parlamentares, ministros e do próprio presidente para deixar por lá sua indignação.

Senão estaremos fadados a ser sempre a nação do "sim senhor!" ou do "tá sempre tudo bem!"

Brasileiros na fila para conseguir emprego




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