ELZA: MULHER DO FIM DO MUNDO
Elza Soares, a grande cantora brasileira, faleceu nesse último domingo, 23 de janeiro, no Rio de Janeiro. Mãe de oito filhos, dos quais dois morreram e uma foi sequestrada e retirada dela por conhecidos, Elza foi uma grande mulher e uma cantora fantástica.
Lembro de ter assistido a um espetáculo seu quando tinha vinte e poucos anos no auditório do Caetano de Campos, onde naquela época e ainda hoje, funciona a Secretaria da Educação do estado de São Paulo.
Como sempre, aquela baixinha estava vibrante no palco, com sua voz rouca e seu jeito cheio de energia que a caracterizou durante boa parte de sua vida artística.
Fiquei empolgadíssimo em vê-la cantar na época, principalmente sambas e músicas da MPB. Fiquei impressionado também com sua interpretação de Bastidores, de Chico Buarque de Holanda, eternizada na voz de Cauby Peixoto. Ao final do show, numa época em que ela ainda não havia sido reabilitada pela grande mídia, o povo ali presente a aplaudiu de pé por um bom tempo.
Elza teve uma vida intensa. Casou-se ainda adolescente, teve oito filhos (todos de parto natural), depois uniu-se a Garrincha (grande ídolo do futebol brasileiro), com quem teve uma grande paixão, num primeiro momento e uma grande decepção num segundo, pois sempre apanhava dele quando estava bêbado, depois que o mesmo abandonou o esporte.
Passou por um período de grande ostracismo no Brasil, mas os norte-americanos a amavam e consideravam-na uma artista excepcional.
Depois da volta ao nosso país foi reconhecida pela mídia e pelo público e passou a cantar MPB, jazz, funk, eletrônico, entre outros gêneros, sem nenhuma distinção.
Em suas entrevistas, sempre que podia, externava sua opinião sobre as desigualdades sociais, o racismo e o papel subalterno das mulheres na sociedade brasileira.
Elza morreu dois dias após ter concluído seu último trabalho.
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