UM DOS MELHORES NEGÓCIOS DO MUNDO: PARA OS PROPRIETÁRIOS E ACIONISTAS

UM DOS MELHORES NEGÓCIOS DO MUNDO... PARA OS PROPRIETÁRIOS E ACIONISTAS

Sem dúvida a Uber mostrou-se um dos melhores negócios do mundo para seus proprietários e acionistas. Para os trabalhadores é algo bastante precário e até mesmo cruel. Bom, vejamos: os motoristas da UBER colocam seus carros à disposição da empresa. Cuidam do abastecimento dos veículos, sendo que a gasolina, o álcool, o diesel e até mesmo o gás estão os olhos da cara. Além disso, ele tem de cuidar da manutenção do carro: do desgaste dos filtros de óleo e ar, que tem de ser trocados regularmente, das pastilhas de freio, dos pneus, entre outras coisas. Se quiser ganhar um pouco mais os motoristas têm de trabalhar no mínimo 12 horas por dia, mas já vi relatos de pessoas que trabalham 16 ou até mais que isso. Quando o carro é alugado, então, a precarização é ainda maior!

Eles são avaliados por seus clientes que sempre lhe atribuem estrelinhas ao final de cada viagem. Se o cliente não tiver sensibilidade é capaz de avaliá-lo mal e ele será suspenso por alguns dias pelo aplicativo, sem direito a reclamar de nada. De tudo que é arrecadado pelo motorista, a UBER fica necessariamente com 25% dos valores.

E esse modelo de negócio tem se expandido para outras áreas de aplicativos de transportes, à entrega de comida, enriquecendo seus proprietários e tornando os colaboradores dessas empresas cada vez mais escravos. 

Dia desses chamei um motorista para me levar a casa de uma parente. Papo vai, papo vem o rapaz, de uns vinte e poucos anos me disse que tinha perdido a mãe dias antes e que não teve tempo nem para realizar o luto. Tinha um filho pequeno e tinha de trabalhar para não perder aquele emprego que foi o único que conseguiu. E mais, já eram cinco da tarde e o pobre rapaz não tinha nem almoçado ainda. Fiquei sensibilizado. Percebi franqueza na fala do motorista. Telefonei para minha prima e pedi para que ela fizesse um sanduíche de presunto e queijo e que levasse um copo de iogurte até a porta da casa dela. Ela me disse:

- É para você Ricardo?

- Não, prima é para uma outra pessoa. Não querendo entrar em detalhes para não constranger o rapaz.

Ele me disse que se parasse por algum tempo isso poderia prejudicá-lo no decorrer do dia. 

Bem, esse é o modelo de negócios que ganha mais espaço nas empresas de tecnologia. O lucro acima de tudo, sem direitos trabalhistas, sem o mínimo de humanização. Será que vale a pena caminharmos para esse futuro?



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