A LEITURA NA MINHA INFÂNCIA

A LEITURA NA MINHA INFÂNCIA

Quando tinha três aninhos fui apresentado às primeiras letras pelo meu avô Ernesto. Na verdade ele não me ensinou a ler ou escrever. Mas me mostrou alguns gibis e livros cheios de gravuras e me fazia contar uma história a partir do que eu via. Era muito divertido, pois ele não me falava se minha história batia com a das revistinhas ou dos livros. Ele procurava dar asas à minha imaginação. E isso tudo era feito quando tinha a oportunidade de entrar na sala dele repleta de livros com uma cadeira de balanço. Naqueles dias eu ficava feliz da vida. Depois acompanhava meu avozinho na sua oficina. Ele era uma espécie de Professor Pardal. Adorava consertar de tudo: de rádios a enceradeiras. Não vivia disso não. Era seu robe. Na verdade ele cuidava dos jardins da Roselândia, nos arredores de São Paulo. Por lá trabalhava ajudando os irmãos Boechter a cultivar as mais lindas flores e a fazer diversos experimentos de cruzamento entre rosas de espécies diferentes.
No jardim da nossa casa havia rosas tão bonitas que as pessoas paravam para ver suas cores e formas e a pedir algumas para meu vovozinho. Os casais enamorados tinham na nossa pequena rua seu trajeto principal. Meu avô então pegava uma tesoura adequada e cortava a rosa para quem a pedia.
Tive a enorme oportunidade de viver numa casa de mais de mil metros quadrados no Planalto Paulista, na zona sul de São Paulo, cheia de plantas e animais. Eu era a única criança por lá!
Quando chegava a hora do jantar meu avô tocava violino na cozinha para minha avó Maria enquanto ela fazia uma deliciosa comidinha. 
Como era muito curioso, minha mãe logo me comprou diversos livros e, já no primeiro ano, com minha professora Margarida aprendi a ler e escrever rapidamente.
Esses foram tempos mágicos dos quais eu jamais me esquecerei!

Eu, com três aninhos, na cadeira de balanço do meu avô Ernesto, na sala de sua casa



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