KAROL CONKÁ E A CULTURA DO CANCELAMENTO
Acabei de assistir aos quatro episódios da série A Vida Depois do Tombo (Globo Play, Brasil, 2021), abordando a crise da rapper Karol Conká, após a participação no BBB, não tanto pelo reality, mas para compreender a cultura do cancelamento.
Como todos sabem, Karol Concá teve um comportamento arrogante com diversos participantes, entre eles, Lucas que saiu da casa, após ser humilhado por vários integrantes, entre eles Karol.
As atitudes da artista foram reprováveis em diversos aspectos, mas devemos compreender que dentro de uma casa completamente vigiada por todo um país, com pessoas estranhas, de maneira geral, os sujeitos tendem a mostrar o mais profundo de suas almas tentando convencer o público aqui fora de que são boas, autênticas ou tem personalidade forte.
Mas a rejeição de Karol Conká mostrou um pouco do que é a sociedade brasileira e de seu racismo estrutural. É muito difícil para essa sociedade assumir que uma mulher negra vinda do subúrbio de Curitiba tenha chegado ao estrelato, à fama onde Karol chegou tendo aquele tipo de atitude. E todo o peso da rejeição caiu então sobre ela. Milhares de seguidores nas redes sociais a abandonsram, muitos de seus contratos e shows foram cancelados e ela teve grandes prejuízos financeiros.
Mas, creio que ela já foi o suficientemente punida. Afinal, quem nunca errou que atire a primeira pedra.
As redes sociais escancaram o que há de mais primitivo na sociedade. Afinal não temos a resposta do outro lado, nem ninguém para nos julgar por nossas opiniões. E aí podemos mostrar nosso verdadeiro âmago, nosso verdadeiro eu. E esse eu é muitas vezes bem parecido com as atitudes de Karol Conká na casa do Big Brother Brasil: de um julgamento precipitado, seguido de um linchamento e, finalmente, do cancelamento das pessoas.
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