O INCÊNDIO
Por volta das 9 da manhã acordei naquele sábado. Escovei meus dentes e logo fui apresentado a um caprichado café da manhã feito carinhosamente pela minha mãe. Morávamos naquele prédio há pouco tempo. Os vizinhos eram todos cordiais e amigáveis.
De repente, sentado com minha mãe à mesa, senti um forte cheiro de fumaça. Morávamos no terceiro andar e a fumaça parecia estar próxima.
Quando abrimos a porta, o apartamento ao lado estava em chamas. A senhora que morava nele, nosso vizinha, estava aos prantos, fora de sua habitação.
- Meu Deus! Perdi tudo!
Ela jogava as caixas de papelão pegando fogo na escada de descida, impossibilitando nossa fuga. Falei então para minha mãe:
- Não temos como sair: ou subimos as escadas ou pegamos o elevador.
- Nenhuma das duas coisas, filho. Se subirmos as escadas o fogo vai nos acompanhar. Se tomarmos o elevador podemos morrer com a fumaça, caso ele pare. O negócio é pegarmos um cobertor, nos embrulharmos bem nele e descermos a escada passando pelo fogo!
Dito e feito: atravessamos o fogo que ainda não havia preenchido todos os degraus: minha mãe de camisola e eu de pijama.
Quando chegamos ao térreo avistamos uma viatura do Corpo de Bombeiros. Eles agiram rapidamente e pudemos voltar ao nosso apartamento.
Aquele foi um dia que nunca irei me esquecer: rua do Lavapés, 200, apartamento 32.
Tinha 9 anos!
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