REUNIFICAÇÃO ALEMÃ: UM RELATO PESSOAL

 REUNIFICAÇÃO ALEMÃ: UM RELATO PESSOAL

No dia 3 de outubro de 1990 estava realizando o segundo semestre dos cursos de História da USP e Economia, da PUC, em São Paulo. Lembro-me que as informações eram muito poucas sobre o que estava acontecendo. De uma hora para outra, os alemães que estavam em Berlim se dirigiram ao Muro que separava a cidade em duas em começaram a promover manifestações em massa. Os guardas, que não estavam preparados para tais conflitos, simplesmente abandonaram as armas e se juntaram ao povo.
A partir daí, algumas pessoas começaram a invadir a área reservada ao muro e com pás, picaretas e outros instrumentos improvisados, começaram a derrubar o símbolo da divisão entre os mundos capitalista e socialista. Em breve veríamos a reunificação da Alemanha que havia sido dividida em quatro zonas, após o término da Segunda Guerra Mundial. Berlim, por sua vez, foi dividida em dois territórios: um capitalista, com o apoio dos EUA e seus aliados e outro socialista, que tinha o controle da URSS e seus países satélites.
O mundo vivia mudanças profundas naquela época. A URSS estava sob o comando de Mikhail Gorbachev que havia implementado duas políticas: a Perestroika (reestruturação), que previa o fim do controle estatal da economia, a adoção de características da economia de mercado, o aumento da produtividade dos trabalhadores e um consequente aumento da produção, entre e a Glasnost (transparência), que visava a implementação de liberdades democráticas e menor controle dos meios de informação e de controle dos cidadãos, entre outras medidas.
Após essas políticas serem criadas na antiga URSS, uma avalanche de revoluções tiveram início na Europa Oriental, que levariam ao fim do socialismo real, a ditadura do partido único e a implantação da economia de mercado e à democracia.
No ano seguinte, recebemos, no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, um historiador da Universidade de Berlim que viveu os acontecimentos naquele momento. Ele nos falou que tudo aconteceu de repente, sem uma programação prévia. Foi de fato uma revolução de caráter popular. As mensagens iam passando de boca em boca, até que o povo colocou abaixo aquele muro que representava uma verdadeira vergonha para a humanidade.
Ficamos chocados, pois acreditávamos que os acontecimentos teriam sido fruto de um plano minuciosamente organizado. E, naquele momento, com o relato daquele historiador, percebemos como o povo quando quer, pode mudar o mundo e encaminhar revoluções que mudam o rumo da História para sempre.
Nesse ano de 2020 comemoramos 30 anos da Reunificação Alemã!



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