RACISMO E A ERA DA HIPOCRISIA
Ricardo Barros Sayeg
Racismo sempre houve no Brasil e em outros países do mundo. Mas será que ele está aumentando ou na verdade está se tornando mais explícito com o aperfeiçoamento das novas tecnologias da informação e comunicação? Isso, possivelmente jamais saberemos. Entretanto, há uma relação clara entre o discurso de algumas lideranças políticas e o aumento das questões raciais no mundo. Vejamos o caso de dois exemplos que conhecemos muito bem: o do Brasil e o dos EUA. Esses dois países passaram a ser governados por representantes da extrema direita há poucos anos, mas eles já causaram muitos estragos sociais.
No Brasil o candidato Jair Bolsonaro já dava declarações, antes de ser eleito, contra os negros. Numa palestra no clube A Hebraica, do Rio de Janeiro, disse que não daria mais nenhum centímetro de terra aos negros que habitavam antigos quilombos e chegou a compará-los a gado. No antigo programa CQC da Band, numa resposta à cantora Preta Gil, quando perguntado sobre se ele aceitaria o namoro de um de seus filhos com uma negra, respondeu que na casa dele não havia a promiscuidade da casa da filha dos Gil! Fato que ele depois negou dizendo que entendeu a pergunta de outra forma. Quando assumiu o governo pôs para chefiar a entidade um sujeito completamente desequilibrado que disse, entre outras barbaridades, que a escravidão foi benéfica aos negros. Isso tudo era rebatido pelo agora presidente que sempre se apresentava acompanhado do deputado federal Hélio Negão, do Rio de Janeiro, papagaio de pirata, pois sempre estava ao lado de Bolsonaro, quando de aparições públicas. O presidente quando questionado sobre o tema afirmava que tinha vários amigos negros.
Nos EUA, Donald Trump, antes de ser eleito, esbravejou com uma ex-namorada ao telefone quando soube que ela estava namorando um jogador negro da NBA. Com o aumento da luta por Igualdade racial nos EUA, após a morte de George Floyd, e o surgimento do movimento "Black Lives Matter", já presidente, mandou reprimir violentamente as manifestações com o uso de tropas federais e constantemente tem apoiado uma polícia racista e não preparada para lidar com a questão.
Dois líderes. Discursos semelhantes. Será que não há nenhuma relação com o aumento da tensão racial nos dois países?
Ricardo Barros Sayeg é diretor de escola da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e professor da FIAP/SP.
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