VÍTIMA POR DUAS VEZES
Ricardo Barros Sayeg
A menina de dez anos estuprada por seu tio de 33 e que ficou grávida e teve de se submeter a um aborto autorizado pela Justiça, teve sua identidade exposta por grupos extremistas, entre eles o chefiado por Sara Winter. Trata-se de uma pessoa sem escrúpulos, completamente instável do ponto de vista emocional. Sara Fernanda Giromini (seu nome verdadeiro). Foi essa mesma pessoa que organizou uma manifestação contra o STF, onde seus seguidores seguravam tochas acesas e gritavam palavras de ordem pelo fechamento da mais alta corte do país.
A menina foi vítima de um duplo crime: o primeiro, o próprio estrupo, o segundo ter seu nome exposto nas redes sociais. Uma total insanidade.
A exposição do nome da menina vai contra o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que proíbe a exposição da imagem ou do nome de qualquer criança em qualquer situação delituosa.
No parágrafo único do Artigo 143 expressa claramente:
"Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome." (Redação dada pela Lei 10.764, de 12/11/2003)
Essa criança vai levar esse trauma por toda a vida e agora com seu nome exposto há uma dupla condenação.
Os grupos conservadores e fanáticos de direita que expuseram o nome da criança nas redes sociais deveriam ser severamente punidos para não cometerem mais esses atos absurdos e maldosos contra a vida humana.
Ricardo Barros Sayeg é diretor de escola da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e professor da FIAP/SP.
Crianças: as principais vítimas de estupro no Brasil.
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