O FIM DO POSTO IPIRANGA

O FIM DO POSTO IPIRANGA

Ricardo Barros Sayeg

Bolsonaro e o Posto Ipiranga estão em rota de colisão. Ontem, o presidente desautorizou publicamente o ministro Paulo Guedes ao criticar o Renda Brasil, apresentado pela equipe econômica e deu três dias para Guedes e sua equipe apresentarem um novo programa. O presidente disse que não tiraria "dos mais pobres para dar aos paupérrimos". Só que Bolsonaro está querendo fazer um omelete sem quebrar os ovos. A única solução para isso é o aumento de impostos: tudo que Paulo Guedes não quer.

Mas o presidente está imbuído do objetivo de virar um novo Lula; só que sem o carisma do petista. Ao promover essa gastança do dinheiro público, Bolsonaro gerará uma enorme dívida a ser paga pelas futuras gerações. Mas até aí tudo bem. Ele não estará mais no poder e sairá como um verdadeiro herói dos anos 2020! Herói dos incautos, é bem verdade!

Com a saída iminente de Guedes, quem vai substituí-lo? A turma do gasta-gasta é claro! E aí vamos para o buraco logo, logo. Não que eu defenda Paulo Guedes. Quero que ele vá para a cucuia abraçadinho com Bolsonaro. Mas o problema é que furando, ou melhor, arrombando o teto de gastos, passaremos um péssimo recado para o mercado internacional: que o Brasil não é um país sério, que não cumpre suas promessas e que não está nem aí para o seu futuro.

Há outros caminhos? É claro que sim. Mas taxar os mais ricos, o envio do lucro das empresas estrangeiras ao exterior, fazer uma reforma agrária verdadeira, realizar uma reforma administrativa que diminua o tamanho do Estado sem prejudicar as áreas sociais: isso não está na rota de Bolsonaro.

Ricardo Barros Sayeg é diretor de escola da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e professor da FIAP/SP.

Bolsonaro: fazendo um omelete sem quebrar os ovos.



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