GENTE DE BEM

GENTE DE BEM

Ricardo Barros Sayeg

Fico morrendo de medo quando ouço a expressão "gente de bem".

Quando da campanha à presidência em 2018, o atual presidente dizia que os direitos humanos são para "humanos direitos" e chegou a elogiar o massacre ocorrido no presídio de Pedrinhas, no Maranhão, entre outros absurdos. Passados alguns meses ficamos sabendo quem eram os "humanos direitos" e ficamos espantados com o que vimos.

Depois de algum tempo o presidente e seus apoiadores começaram a utilizar o termo "gente de bem" e nova surpresa. Gente que defendia a tortura, a volta do regime militar, o retorno da censura, o fechamento do Congresso e do STF eram tidas como "gente de bem". Pessoas que defendiam posições não autoritárias, anti-racistas, anti-fascistas, em favor da Educação, da Cultura e da Ciência são vistas como "gente do mal".

Essa dicotomia entre bem e mal é típico de regimes fascistas: o "nós contra eles". E os outros ou seja, "eles" são vistos como gente que não quer a evolução, o desenvolvimento, o progresso.

Nesses tempos turvos ser chamado de "gente de bem" não é necessariamente um elogio.

Ricardo Barros Sayeg é diretor de escola da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e professor da FIAP/SP.


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