EU, KAFKA
Chegava todos os dias do trabalho e costumava dormir cedo. Naquele dia em especial dormi às 9. Foi um dia cansativo. Tive sonhos muito estranhos. Sonhei que tinha acordado como um rato. Não daqueles branquinhos fofinhos, mas uma enorme ratazana amarronzada, asquerosa. Minha irmã tinha ido ao quarto me acordar, mas quando se deparou com aquele ser enorme sobre a cama, fechou logo à porta. Tratou em seguida de contar para meu pai e minha mãe que dividiam a casa conosco. Tiveram todos de fazer um enorme esforço para me alimentar. Colocavam a comida bem perto da porta e eu, com minhas patinhas puxava os pedaços de queijo ou legumes para dentro do quarto e depois para perto da boca.
Começaram a me esconder da vizinhança. Como iriam explicar que seu filho, de uma hora para outra tinha se transformado num rato?
Passaram-se uns dias até que comecei a encolher. Agora, de uma enorme ratazana virei um camundongo. Um dia, Mariana deixou a porta do quarto entreaberta e meu adorável Félix, meu gato de estimação entrou. Entrei num enorme pânico. Seria devorado pelo meu gato mais querido?
Naquele momento acordei suando e assustado. Vi que tudo não passou de um pesadelo. Um terrível pesadelo kafkiano.
Eu, Kafka
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