CANCELAMENTO

CANCELAMENTO

Ricardo Barros Sayeg

Nesses dias estava zapeando pelos canais comerciais da TV, quando me deparei à tarde com um daqueles programas sobre a vida das "celebridades" e um dos jornalistas utilizava a expressão "fulano foi cancelado". Isso me intrigou e me chamou muita atenção. Fiquei ligado nas considerações do apresentador.

Pelo que entendi, uma pessoa é cancelada quando ela é boicotada, esquecida pela mídia. Isso costuma ser aplicado a figuras públicas que tenham feito ou dito algo considerado ofensivo, preconceituoso ou polêmico. É um movimento que tem idas e vindas. Uma pessoa pode ser cancelada hoje e ser reabilitada em pouco tempo.

Um exemplo disso é a atriz Regina Duarte que nesse momento encontra-se cancelada. Depois de se aproximar de Jair Bolsonaro, inimigo mortal da cultura e da arte, Regina tornou-se Secretária Especial da Cultura. Ingenuamente achou que poderia fazer a diferença naquela pasta, entretanto, teve enorme dificuldade de implementar qualquer tipo de política. Depois de uma entrevista polêmica e desastrada para a CNN Brasil, acabou sendo afastada do alto escalão do governo. Foi então prometida a ela a chefia da Cinemateca Brasileira, que abriga um enorme acervo do audiovisual nacional e que está nesse momento abandonada às traças em função do rompimento com a instituição que administrava o local, a Fundação Roquete Pinto.

Jogada no limbo, tentou junto à autora de novelas Glória Peres, um papel num novo folhetim da Globo: está em compasso de espera.

Será que seu cancelamento será eterno ou a namoradinha do Brasil será restituída em breve?

Ricardo Barros Sayeg é diretor de escola da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e professor da FIAP/SP.


Comentários