A BANALIZAÇÃO DA MORTE
Ricardo Barros Sayeg
Desde o dia 19 de maio vivemos uma estabilização do número de mortes diárias pela pandemia do novo coronavírus no Brasil (cerca de mil mortes por dia). Isso faz com que o brasileiro veja nesse número de mortes uma certa normalidade. Ele começa a achar que isso é natural, culpa do nosso próprio destino: tinha de acontecer!
De acordo com essas pessoas, quem morreu tinha algum tipo de comorbidade ou era muito pobre, morava em áreas de risco iminente, portanto, era sua sina.
Para esse conformismo colaboraram muito o discurso de algumas autoridades que receitaram medicamentos sem eficácia comprovada como a cloroquina, por exemplo ou que quiseram e querem reabrir a economia ou as escolas a qualquer custo, colocando o dinheiro antes da vida da população.
Assim, o brasileiro passa a se conformar e achar natural esse número de mortes diárias. Mas não é!
Se observarmos as grandes nações do mundo, só o Brasil e os Estados Unidos reabriram suas economias durante o pico da doença e o resultado disso foi terrível: um aumento ainda maior do número de infectados e mortos.
O Brasil teve a oportunidade de se preparar alguns meses antes que o novo vírus chegasse ao país para enfrentar essa catástrofe , mas não se preocupou. Ao contrário, preferiu que o número de casos se tornasse incontrolável para tomar medidas tímidas e ineficazes
E agora? Quem vai pagar pelas vidas perdidas? Pelas famílias despedaçadas?
Os diversos governos brasileiros jogaram com a vida das pessoas; não deram valor nenhum a elas e agora vamos retomar um país destroçado pela pandemia e com sua economia em frangalhos.
Ricardo Barros Sayeg é diretor de escola da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e professor da FIAP/SP
Cena comum em um cemitério brasileiro: mais um morto. Ninguém liga!
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