UM TAPINHA NÃO DÓI?
Ricardo Barros SayegNa minha infância nunca apanhei dos meus pais. Meu pai Alberto, que me criou até os sete anos, sempre que cometia algum erro, fazia alguma traquinagem, me colocava no cantinho do pensamento. Lá eu ficava por muitos minutos sem televisão ou meus gibis pensando no que havia feito de errado.
Pois bem, como sabemos a Imprensa vira e revira a vida daqueles que vão ocupar cargos públicos relevantes e encontrou um pronunciamento, no mínimo estranho, para um educador que pretende ser ministro da Educação.
Milton Ribeiro, novo ministro da Educação e pastor presbiteriano escolhido por Bolsonaro para chefiar o MEC fez a seguinte declaração: disse que as mães devem educar seus filhos se utilizando de castigos que envolvam a dor física. Em outro disse que o pai deve "impor" a direção que a família breve tomar.
Em abril de 2016, durante a pregação em um templo presbiteriano denominado "A Vara da Obediência" o pastor e educador afirmou, citando a Bíblia: "castiga o teu filho enquanto há esperança, mas não te exceda a ponto de matá-lo."
A seguir explica que "um tapa de um homem ou a cintada de uma mulher podem ser muito mais fortes que uma criança pode suportar." Logo depois observou: "Não estou aqui dando uma aula de espancamento infantil, mas a vara da obediência não pode ser afastada da nossa casa."
Esse é um ministro com a cara do obscurantismo do governo Bolsonaro. Existem diversos métodos de educação que envolvem a não violência e que podem ser muito mais eficazes na educação de uma criança.
Como todas as pessoas ligadas ao atual presidente, é claro que o novo ministro apagou o vídeo de suas redes sociais.
Bolsonaro compõe seu ministério de pessoas que se contrapõe aos maiores avanços da civilização. Se deixarmos o Brasil ao comando do atual chefe do Executivo, logo retornaremos ao período colonial.
Tristes tempos!
Ricardo Barros Sayeg é diretor de escola da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e professor da FIAP/SP.
"Castiga o teu filho enquanto há esperança, mas não te exceda a ponto de matá-lo."
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