OS TRÊS PATETAS
Ricardo Barros Sayeg
No mês de agosto de 1969, o general Costa e Silva, presidente durante o Regime Militar brasileiro, sofreu um AVC e ficou com parte de seu corpo paralisado. Ao contrário do que afirmava a Constituição vigente, o vice-presidente, o civil Pedro Aleixo foi impedido de assumir o cargo. Ele havia se recusado a assinar o AI-5 no ano anterior e por isso era mal visto pelos militares.
O governo militar escondeu a doença do chefe do Executivo da população e agia como se tudo estivesse normal, inventando um montão de fake news. Tanto é verdade que logo depois do AVC, Costa e Silva viajou para o Rio e desembarcou no aeroporto usando um cachecol num calor de rachar para esconder a nítida paralisia em sua face.
Em virtude do estado de saúde do presidente, uma junta militar assumiu o governo interinamente: Augusto Rademaker, ministro da Marinha, Lira Tavares, do Exército e Márcio de Souza Melo, da Aeronáutica. O trio era chamado confidencialmente pelo General Ernesto Geisel, que viria a comandar o país a partir de 1974, de "os três patetas".
Pouco antes de adoecer, Costa e Silva tentou assinar uma Constituição mais branda que a vigente, que contou, para sua elaboração, com a contribuição de Pedro Aleixo que, além de vice, era também um grande jurista. Eu digo tentou porque, de fato, o presidente não tinha força física para assinar o documento máximo da nação. Isso quem observou foi o jornalista Carlos Chagas, que na época era o assessor de imprensa da presidência da República.
Os "três patetas" então, incorporaram à Carta Magna medidas autoritárias e repressoras presentes no AI-5 outorgado meses antes.
Como Costa e Silva não se recuperava, os líderes militares declararam vagos os cargos de presidente e vice-presidente da República.
Os militares tinham um favorito para a presidência: o general Albuquerque Lima. Só tinha um problema: ele era um general três estrelas e a Alto Comando das Forças Armadas decidiram que o sucessor de Costa e Silva deveria ser um general de quatro estrelas. Meses antes, o general Emílio Garrastazu Médici recebera sua quarta estrela e foi o escolhido para assumir a chefia do Executivo brasileiro. E aí começou o "Brasil ame-o ou deixe-o". Mas isso é assunto para outro artigo...
Ricardo Barros Sayeg é diretor de escola da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e professor da FIAP/SP
Fonte:
PIGALLO, Oscar. O QUE FOI A DITADURA: A ÁRDUA CONQUISTA DA DEMOCRACIA - 35 ANOS (aula 3). Curso da Folha de São Paulo. São Paulo: 2020.
"Os Três Patetas": dessa forma eram chamados os três militares que comandaram o país durante a enfermidade do presidente general Costa e Silva pelo presidente Ernesto Geisel, também militar.
Ricardo Barros Sayeg
No mês de agosto de 1969, o general Costa e Silva, presidente durante o Regime Militar brasileiro, sofreu um AVC e ficou com parte de seu corpo paralisado. Ao contrário do que afirmava a Constituição vigente, o vice-presidente, o civil Pedro Aleixo foi impedido de assumir o cargo. Ele havia se recusado a assinar o AI-5 no ano anterior e por isso era mal visto pelos militares.
O governo militar escondeu a doença do chefe do Executivo da população e agia como se tudo estivesse normal, inventando um montão de fake news. Tanto é verdade que logo depois do AVC, Costa e Silva viajou para o Rio e desembarcou no aeroporto usando um cachecol num calor de rachar para esconder a nítida paralisia em sua face.
Em virtude do estado de saúde do presidente, uma junta militar assumiu o governo interinamente: Augusto Rademaker, ministro da Marinha, Lira Tavares, do Exército e Márcio de Souza Melo, da Aeronáutica. O trio era chamado confidencialmente pelo General Ernesto Geisel, que viria a comandar o país a partir de 1974, de "os três patetas".
Pouco antes de adoecer, Costa e Silva tentou assinar uma Constituição mais branda que a vigente, que contou, para sua elaboração, com a contribuição de Pedro Aleixo que, além de vice, era também um grande jurista. Eu digo tentou porque, de fato, o presidente não tinha força física para assinar o documento máximo da nação. Isso quem observou foi o jornalista Carlos Chagas, que na época era o assessor de imprensa da presidência da República.
Os "três patetas" então, incorporaram à Carta Magna medidas autoritárias e repressoras presentes no AI-5 outorgado meses antes.
Como Costa e Silva não se recuperava, os líderes militares declararam vagos os cargos de presidente e vice-presidente da República.
Os militares tinham um favorito para a presidência: o general Albuquerque Lima. Só tinha um problema: ele era um general três estrelas e a Alto Comando das Forças Armadas decidiram que o sucessor de Costa e Silva deveria ser um general de quatro estrelas. Meses antes, o general Emílio Garrastazu Médici recebera sua quarta estrela e foi o escolhido para assumir a chefia do Executivo brasileiro. E aí começou o "Brasil ame-o ou deixe-o". Mas isso é assunto para outro artigo...
Ricardo Barros Sayeg é diretor de escola da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e professor da FIAP/SP
Fonte:
PIGALLO, Oscar. O QUE FOI A DITADURA: A ÁRDUA CONQUISTA DA DEMOCRACIA - 35 ANOS (aula 3). Curso da Folha de São Paulo. São Paulo: 2020.
"Os Três Patetas": dessa forma eram chamados os três militares que comandaram o país durante a enfermidade do presidente general Costa e Silva pelo presidente Ernesto Geisel, também militar.
Comentários
Postar um comentário