O PAPEL DOS EUA NO GOLPE CÍVICO-MILITAR DE 1964

O PAPEL DOS EUA NO GOLPE CÍVICO-MILITAR DE 1964

Muito se fala sobre o papel dos Estados Unidos no golpe cívico-militar que ocorreu em 1964. Mas será que os estadunidenses tiveram um papel direto nesse evento político brasileiro ou não?
Ao que tudo indica, os norte-americanos tiveram mais um papel de retaguarda apoiando políticos ou movimentos contrários ao governo João Goulart. Não podemos afirmar que houve intervenção militar direta daquele país no Brasil.
Até a década de 1950, as grandes preocupações dos Estados Unidos estavam bem distantes da América Latina: a União Soviética desenvolvia rapidamente seu programa balístico e espacial; a CIA orquestrava um golpe no Irã (1953); o exército americano estava envolvido até o pescoço na Guerra da Coreia (1950-53); o Egito nacionalizava o canal de Suez (1956) e o Vietnã do norte ameaçava expandir o comunismo por todo sudeste asiático.
Mas em 1961 as coisas haviam mudado. Em 1959, Fidel Castro havia tomado o poder em Cuba e num primeiro momento se mostrou apenas como um líder nacionalista. Numa viagem aos EUA Fidel Castro chegou a posar ao lado de Richard Nixon, vice-presidente à época. Mas, após esses anos iniciais, Castro passou a nacionalizar propriedades e empresas norte-americanas e os Estados Unidos tentaram invadir Cuba através da fracassada incursão pela Baía dos Porcos.
A partir dessa guinada comunista em Cuba, qualquer governo ou movimento de esquerda na América Latina eram vistos com desconfiança pelos norte-americanos.
Mas quem de fato liderou o golpe conta o governo de Jango no Brasil foram os políticos conservadores e os militares sem apoio direto dos EUA que almejavam por um golpe conservador no Brasil.
É bem verdade que muitos militares foram treinados nos EUA e havia uma preparação militar norte-americana caso o golpe falhasse: Os EUA nunca intervieram militarmente no Brasil, mas chegaram a preparar uma operação de apoio, caso os golpistas tivessem dificuldades. Mobilizaram no Caribe um porta-aviões, um porta-helicópteros, tropas de paraquedistas, seis contratorpedeiros com 100 toneladas de armas e quatro petroleiros. De acordo com o planejamento norte-americano, essa força militar chegaria ao Brasil entre 8 e 13 de abril, mas os militares brasileiros anteciparam o golpe em cerca de uma semana.
É importante ressaltar o apoio financeiro dado aos governos estaduais de oposição à Jango.
Havia também uma grande propaganda oposicionista feita pelo complexo Ipês-Ibad. Eles produziram propagandas anticomunistas contra o governo de Goulart no rádio, na TV, no cinema e na imprensa escrita. Só em filmes contra o governo Jango foram realizadas 1706 projeções em bases militares, escolas, quarteis e navios.
Portanto, podemos afirmar que não houve intervenção direta dos Estados Unidos no golpe cívico-militar de 1964, mas que houve uma enxurrada de dinheiro enviada para financiar esse movimento anticonstitucional, com certeza, isso houve.

Fonte:
https://www.google.com.br/amp/s/super.abril.com.br/especiais/a-verdadeira-participacao-dos-eua-no-golpe-de-64/amp/


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