A ATRAÇÃO QUASE QUE DOENTIA DOS SERES HUMANOS POR ACIDENTES AÉREOS

A ATRAÇÃO QUASE QUE DOENTIA DOS SERES HUMANOS POR ACIDENTES AÉREOS

Vocês sabiam que o assunto que mais vende jornais impressos e aquele que possivelmente tem maior audiência na internet e na TV são os acidentes aéreos?
Existe um interesse mórbido da humanidade por esse tipo de acidente. Quem sabe porque na maioria dos acidentes divulgados são poucos os que sobrevivem.
Os jornais não perdem cada detalhe: noticiam os problemas técnicos que levaram a aeronave a se destruir, contam a história daqueles que perderam a vida, daqueles que, por sorte, perderam o vôo.
Mas essa atração não é recente. Ela vem dos primórdios da aviação.
Em 1904 não se acreditava no sucesso comercial das máquinas voadoras. Na véspera da feira de St. Louis, onde algumas dessas máquinas iriam ser exibidas o New York Times chamou os competidores de artistas e disse que "o maior interesse da demonstração das máquinas voadoras para os visitantes da feira seria a probabilidade de acontecer acidentes com os aparelhos e seus pilotos. Mesmo entre aqueles que, porventura, lamentassem tais acidentes, muitos seriam capazes de confessar que gostariam de presenciá-los." Na época o Times chamava atenção para o perigo iminente dos automóveis que constantemente se envolviam em acidentes.
Os acidentes aéreos até hoje são muito difíceis e raros de acontecer. A engenharia aeronáutica se desenvolveu muito nos últimos tempos, mas basta acontecer um apenas, em especial com um grande número de passageiros e tripulantes para ocupar as capas dos jornais e revistas e horas intermináveis das programação de TV e internet.
Na verdade, o interesse do ser humano, ao que me parece, não é pelo acidente em si e sim pela morte, pelo imponderável, por aquilo que não podemos controlar e que nos espera do outro lado.

Fonte:
HOFFMANN, Paul. ASAS DA LOUCURA. São Paulo: Objetiva, 2003.

Acidente de um avião da TAM, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em 17 de julho de 2007: nenhum sobrevivente.


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