QUAL O VALOR DE UMA VIDA?

QUAL O VALOR DE UMA VIDA?

No Brasil isso depende: depende da sua condição social, da sua cor, da sua importância na comunidade.
Na última terça-feira, dia 2 de junho, vimos em Recife uma mulher que colocou o filho de uma empregada doméstica no elevador, apertou o botão do quinto andar e abandonou a criança com total negligência, para que ele subisse até o apartamento onde sua mãe trabalhava, enquanto ela levava os cachorros da patroa para passear.
Miguel Otávio Santana da Silva, de cinco anos, curioso, como todas as crianças na sua idade, interessado por novas experiências, resolveu apertar os botões de outros andares. Chegou no nono andar e acabou caindo do prédio. Quando sua mãe chegou com os cães da patroa, presenciou a horrível cena de ver sua criança desfalecida no chão. O menino morreria em seguida.
A patroa, esposa de um prefeito do interior de Pernambuco foi indiciada e responderá por homicídio culposo, aquele no qual não há intenção de matar, e foi liberada após pagar fiança de 20 mil reais.
Mas quem teve a vida mais valorizada: os cães que foram levados com todo carinho pela empregada? Que deve ter tido cuidado para atravessar a rua? Que deve ter recolhido as fezes dos animais ou a criança, que foi abandonada no elevador à sua própria sorte?
Há algo de muito errado na condução que estamos dando à vida humana. Se fosse o filho da patroa teria sido tratado da mesma forma?

Ricardo Barros Sayeg é diretor de escola da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e professor da FIAP/SP.

O menino Miguel Otávio, vítima da negligência de uma mulher em Recife.


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