DESTRUIR ESTÁTUAS?
Ricardo Barros Sayeg
Nesses últimos tempos vimos nascer em alguns países do mundo um movimento que tem como objetivo a destruição de estátuas ou monumentos que homenageavam mercadores de escravos, políticos e demais personalidades ligadas à economia escravista ou aos tempos da escravidão.
Recentemente, em Bristol, na Inglaterra, manifestantes derrubaram a estátua de Edward Colston, mercador de escravos. Em 2015, estudantes da Universidade da Cidade do Cabo derrubaram o monumento ao imperialista Cecil Rhodes. E essa mobilização tem se espalhado pelo mundo inteiro na esteira do movimento "black lives matter"
Alguns intelectuais sustentam que os monumentos simbolizam os valores de sua época. Mas até quando o passado pode determinar o presente?
Será que a destruição de monumentos ou símbolos nazistas ou fascistas não têm o mesmo valor que os símbolos escravistas? Esses mercadores ou políticos não causaram a mesma dor ou sofrimento a uma determinada parte da população?
Na medida em que personalidades que lucraram com a escravidão forem imortalizadas em bronze ou mármore, um momento deplorável da nossa história permanecerá vivo e será um tapa na cara de homens negros ou mestiços.
O racismo ainda é uma ferida aberta em diversos países e enquanto esses símbolos forem enaltecidos ele demorará a cicatrizar.
Creio que essa é um assunto que deva ser amplamente discutido pela sociedade. Mas é uma discussão que deve ser realizada para não termos na atual sociedade "gatilhos racistas" que podem reacender fantasmas do passado.
Ricardo Barros Sayeg é diretor de escola da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e professor de História da FIAP/SP.
Derrubada da estátua de Edward Colston, mercador de escravos, em Bristol, na Inglaterra.
Ricardo Barros Sayeg
Nesses últimos tempos vimos nascer em alguns países do mundo um movimento que tem como objetivo a destruição de estátuas ou monumentos que homenageavam mercadores de escravos, políticos e demais personalidades ligadas à economia escravista ou aos tempos da escravidão.
Recentemente, em Bristol, na Inglaterra, manifestantes derrubaram a estátua de Edward Colston, mercador de escravos. Em 2015, estudantes da Universidade da Cidade do Cabo derrubaram o monumento ao imperialista Cecil Rhodes. E essa mobilização tem se espalhado pelo mundo inteiro na esteira do movimento "black lives matter"
Alguns intelectuais sustentam que os monumentos simbolizam os valores de sua época. Mas até quando o passado pode determinar o presente?
Será que a destruição de monumentos ou símbolos nazistas ou fascistas não têm o mesmo valor que os símbolos escravistas? Esses mercadores ou políticos não causaram a mesma dor ou sofrimento a uma determinada parte da população?
Na medida em que personalidades que lucraram com a escravidão forem imortalizadas em bronze ou mármore, um momento deplorável da nossa história permanecerá vivo e será um tapa na cara de homens negros ou mestiços.
O racismo ainda é uma ferida aberta em diversos países e enquanto esses símbolos forem enaltecidos ele demorará a cicatrizar.
Creio que essa é um assunto que deva ser amplamente discutido pela sociedade. Mas é uma discussão que deve ser realizada para não termos na atual sociedade "gatilhos racistas" que podem reacender fantasmas do passado.
Ricardo Barros Sayeg é diretor de escola da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e professor de História da FIAP/SP.
Derrubada da estátua de Edward Colston, mercador de escravos, em Bristol, na Inglaterra.
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