TERRA BRASILIS: CRISE SEM FIM

TERRA BRASILIS: CRISE SEM FIM
Ricardo Barros Sayeg

Vivemos um momento único na história brasileira: uma conjunção de fatores negativos se juntaram para fazer o Brasil passar por enorme sofrimento e dor.
Do ponto de vista da Saúde, vivemos a maior pandemia de todos os tempos, provocada pelo novo coronavírus que atingiu a população brasileira em cheio. Segundo as Secretarias Estaduais de Saúde, o país tem 212.198 casos confirmados do novo coronavírus (Sars-Cov-2), com 14.455 mortes. 13 das 20 cidades com maior mortalidade estão no estado do Amazonas, segundo o portal G1, de hoje, 15 de maio de 2020.
O isolamento social horizontal é considerado a maneira mais eficaz de combate à pandemia, porque não existe um remédio ou sequer uma vacina para enfrentar essa terrível doença.
Com o isolamento, a economia é bastante afetada, na medida em que muitos setores são obrigados a aderir ao isolamento, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. A retração econômica ocorrerá em todo o planeta, mas afetará mais os países que demoraram a aderir ao isolamento social.
Os dois fatores acima estão presentes em todo o globo. No Brasil, entretanto, há um terceiro fator que agrava os dois anteriores que é a crise política. No dia de hoje, o segundo ministro da Saúde do governo Bolsonaro pediu demissão do cargo, o oncologista Nelson Teich. Ao que tudo indica houve entre ele e o presidente divergências em relação às atitudes a serem tomadas diante da pandemia. O chefe do Executivo defende o isolamento vertical, aquele em que só as pessoas do grupo de risco ficam isoladas do resto da população. Teich, desde o primeiro momento defendeu o isolamento horizontal. Além disso, Bolsonaro acredita no uso da cloroquina e da hidroxicloroquina como remédios para o enfrentamento do novo coronavírus, mas o ex-ministro, bem como outros cientistas e estudiosos afirmam que o medicamento não tem eficácia comprovada no enfrentamento da enfermidade.
Bolsonaro quer retomar a economia o quanto antes, a qualquer preço, mas não está levando em consideração o aumento do número de casos e mortes em todo país.
Parece que o Brasil vive uma tempestade perfeita: problemas enormes na saúde pública, com uma pandemia sem precedentes, graves problemas econômicos e terríveis problemas políticos com um governo que se mostra sem nenhum rumo ou perspectiva.

Fragmentado de gravura do século XVI, representando a Terra Brasilis


Ricardo Barros Sayeg é diretor de escola da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e professor da FIAP/SP

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