O ISOLAMENTO SOCIAL ATRAVÉS DA HISTÓRIA

O ISOLAMENTO SOCIAL ATRAVÉS DA HISTÓRIA

Acredita-se que, nesse momento, existam dois bilhões de pessoas em confinamento ao redor do mundo. Alguns países como a Índia adotaram o confinamento total da população, os Estados Unidos, por sua vez, tem adotado um confinamento que varia de estado para estado, de região para região. Alguns países europeus se mostram mais rígidos, outros mais brandos em relação à política de isolamento.
Desde a época do Antigo Testamento existem relatos de isolamento social. Segundo a Bíblia, se fala muito no período de 40 dias para se isolar de certas doenças, daí o termo Quarentena, apesar, de muitas vezes, o confinamento ser inferior ou superior aos 40 dias.
Na Idade Média, por volta do século XII, já havia práticas de isolamento em relação aos leprosos (hoje o termo utilizado para essa doença é Hanseníase). As pessoas ficavam confinadas em casa, nas pequenas aglomerações urbanas que existiam ou mesmo nos feudos, quando muitas vezes apareciam bandos de pessoas portando aquela doença. A população então, deixava pratos de comida ou roupas para os doentes. Os portadores de hanseníase caminhavam de cidade em cidade, portando sinos, matracas ou algum objeto que emitisse um sinal sonoro para alertar a população da sua chegada.
Já na Idade Média, houve a Peste Negra, que na verdade era a peste bubônica transmitida pelas pulgas dos ratos, que vinham a bordo dos navios que traziam uma variada gama de produtos das Índias Orientais e aportavam nos portos italianos. A doença logo se espalhou por diversos burgos europeus devido à precariedade das habitações nos burgos, bem como à grande ausência de práticas de higiene.
No século XIX, houve um enorme surto de cólera no mundo e, naquele momento, surgiram discussões sobre aderir ao isolamento social ou incentivar a economia para se evitar outro terrível mal: a fome.
O século XX viu surgir uma pandemia de H1N1, a Gripe Espanhola. Ela teria aparecido nos Estados Unidos, mas como o país estava em guerra, sua imprensa estava censurada e os veículos de comunicação não divulgavam nada sobre essa doença. Como a Espanha na época tinha uma imprensa livre, divulgava os fatos que estavam acontecendo no mundo e se teve a falsa impressão que a gripe havia surgido naquele país. A doença teria matado entre 50 a 100 milhões de pessoas, pois na medida em que a Primeira Guerra chegou ao fim, soldados infectados voltavam para seus países portando e disseminando a doença. Naquela época, alguns países até adotaram as medidas de isolamento, mas logo as suspenderam, tentando preservar suas economias, gerando enorme mortandade na população.
Já no século XX tivemos, antes da atual pandemia, duas outras de Coronavírus, a MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) e a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave). Naquelas oportunidades, a Organização Mundial de Saúde propôs que os países adotassem práticas de isolamento, que não foram seguidas à risca, pois as epidemias foram controladas rapidamente.
Na atual pandemia de COVID-19 não existem ainda remédios ou vacinas para o tratamento da doença que tem se mostrado bastante agressiva em alguns casos, levando os infectados a óbito, em poucos dias. Nesse momento, a única medida possível é o isolamento social para não sobrecarregar os sistemas de Saúde das diversas nações.
Por isso, se você ama sua vida e as pessoas próximas a você, #FiqueEmCasa

Pavell Fedotov (Rússia, 1815-1862) Cólera


Ricardo Barros Sayeg é diretor da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e professor da FIAP/SP

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