NOVO CORONAVÍRUS, DESIGUALDADE SOCIAL E EUGENIA NO BRASIL

Novo Coronavírus, desigualdade social e eugenia no Brasil.
Novo texto do Professor Ricardo Barros Sayeg, no Blog do Ric Sayeg.

NOVO CORONAVÍRUS, DESIGUALDADE SOCIAL E EUGENIA NO BRASIL
Ricardo Barros Sayeg

Se no Brasil, num primeiro momento, os primeiros a morrer, vítimas do novo coronavírus, pertenciam às classes sociais mais altas, que tinham acesso a viagens internacionais, agora são os pobres as vítimas mais comuns da atual pandemia. Sim, porque a maioria mora em sub-habitações nas áreas mais populosas das grandes e médias cidades, geralmente em locais onde se encontram diversas famílias com muitos membros, muitas vezes dividindo o mesmo cômodo e banheiro.
São pessoas idosas e jovens convivendo no mesmo espaço, sem nenhum acesso ao saneamento básico ou às mínimas condições de higiene. E a maioria dessas pessoas são pretos e pardos.
No final do século XIX e Início do século XX alguns pensadores da época criaram a ideia de eugenia. Mas afinal, o que é eugenia?
Eugenia foi um termo desenvolvido inicialmente por Francis Galton, em 1883, significando "bem nascido". Ele definiu o tema como "o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente", tendo fundamentado o fascismo e o nazismo na primeira metade do século XX.
De acordo com Lilia Moritz Shcwarcz, renomada antropóloga brasileira, a eugenia chegou ao Brasil em 1914, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, com uma tese orientada por Miguel Couto, que publicou diversos livros sobre educação e saúde pública no país.
No início do século XX, acreditava-se que as epidemias existentes no Brasil eram culpa do negro recém-liberto, com a abolição da escravidão, em 1888, em função da pobreza e das péssimas condições de existência às quais aquela população era submetida.
Com a mortandade aumentando entre negros e pardos nas periferias das médias e grandes cidades, no momento atual, o sonho de alguns eugenistas no Brasil irá se concretizar infelizmente, dentro em breve. E nosso excelentíssimo presidente responderá:
"E daí?"


Fonte:
https://revistapesquisa.fapesp.br/2007/04/01/quase-pretos-quase-brancos/

Ricardo Barros Sayeg é diretor da Secretaria da Educação de São Paulo e professor da FIAP/SP.

Foto de uma grande cidade brasileira, onde se observa uma evidente desigualdade social.






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